Escolhas

Dilema shakespeariano

É possível – e provável – que em algum momento você tenha adiado uma decisão, ou mesmo esperado o tempo passar com a esperança de que a solução de um problema ocorresse por um passe de mágica. A pergunta é: quais motivos levam a essa reticência, essa falta de atitude e iniciativa?

É da natureza do ser humano fugir da dor e buscar o prazer. Isso é medo e ele, via de regra, trava; logo, o medo de tomar a decisão errada e sofrer as consequências gera inércia. Sempre que decidimos algo sabemos que haverá uma consequência, ônus ou bônus, e a responsabilidade, ainda que em última análise, será nossa. O receio do desconhecido, da reação química resultante de uma decisão mal tomada, é suficiente para congelar nossa ação.
O primeiro passo é relaxar a partir da segurança de que a mera avaliação da situação, ainda sem ação, propriamente, não traz consequência. Portanto, sem motivos para o medo. Portanto, antes de qualquer ação, avalie. No momento da avaliação, seja objetivo com você mesmo, apele pela razão, busque parâmetros técnicos para suas ponderações de análise. Isso vai aumentar consideravelmente a probabilidade de acerto, além de garantir a você uma expectativa bem mais confortável.

Todavia, invariavelmente, somos emocionais. As decisões tendem a vir com uma carga de sentimentos, não só quando envolve pessoas de nosso convívio, mas também quando se trata de algum bem material: casa, carro, negócio. Imagine, então, quando a decisão for para decidir uma mudança de emprego, um corte no orçamento, a diminuição do padrão de vida, a compra de um imóvel, a troca de investimentos ou a abertura de um novo negócio?

O desafio da tomada de decisão pode ser superado usando formas estruturadas de agir. Ao longo da história, foram criadas ferramentas eficazes para auxiliar empresas e pessoas a terem um olhar mais racional e acertivo na hora de decidir. Pessoas de temperamento mais racional também usam a sua porção emocional para decidir, entretanto, somente após uma avaliação técnica e ponderada.

Hoje em dia é habitual contar com a orientação de um mentor, conselheiro ou consultor, que utilizam, além de sua vivência profissional e seus conhecimentos técnicos, matrizes como SWOT, 5W2H, BP, BCG, GE, entre outras estruturas testadas e aprovadas no mundo corporativo para simplificar a visualização dos problemas de forma mosaica e conseguir perceber as consequências que poderão reverberar a cada escolha.

Fato é que a vida se mantém, inexoravelmente, em constante sequência de tomada de decisões, da rua pela qual seguiremos para evitar um provável congestionamento até os nãos que muitas vezes são absolutamente indispensáveis, apesar das tentações das “grandes oportunidades”. Uns seguirão o próprio instinto, outros se orientarão por geolocalizadores; alguns cederão à facilidade do sim e poucos cortarão a própria carne sem arredar pé de uma boa negativa, se entendê-la necessária.

Organizar esse processo é papel de um bom mentor. A experiência é sempre vantagem competitiva para quem se dá ao trabalho de reconhecer seus limites e suas limitações. Lembrando que em grande parte das vezes a competição se dá com nós mesmos. Este ano, ouse mais, porém, antes, ouça mais. Está pronto para suas escolhas? That is the question.

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